Ter uma postura crítica acaba prejudicando seu relacionamento, mas mudar a maneira de pensar não é uma tarefa tão simples assim...
Que tal aproveitar o dia dos namorados e transformar suas perspectivas em uma visão mais favorável e passar a julgar menos?
Recomendamos a leitura de mais uma carta do livro "Conselhos a uma recém-casada" que exemplifica esta teoria:
Talvez seja difícil perceber com nitidez, por conta das provações que tem enfrentado, mas há sinais inequívocos de que o amor entre você e [seu esposo] está se fortalecendo.
Um destes sinais é que você passou a considerar seus próprios defeitos por uma perspectiva honesta e objetiva, em vez de se concentrar nos de [seu esposo].
É curioso como é fácil para nós perceber os defeitos dos outros, ao mesmo tempo que ignoramos os nossos. Um dos motivos para isso é que nossa atenção tem mais facilidade para observar coisas exteriores a nós. No entanto, o motivo real é que o processo de autoconhecimento do ser humano é muito doloroso.
O perigo do narcisismo está arraigado em todos nós. É maravilhoso pensar em mim mesma como uma pessoa extraordinária: atraente, charmosa, inteligente, talentosa, vencedora! É fácil nutrir todos os tipos de ilusão sobre si mesma.
Entretanto, meus defeitos reais maculam essa ilusão. É de causar espanto que eu tente camuflá-los? Prefiro me concentrar nos defeitos dos outros que não me machucam (exceto quando me têm por vítima).
Você já notou inúmeras imperfeições no homem que ama. Não me refiro às coisas que seu esposo não pode mudar - como o formato de seu nariz - , mas há coisas que estão sob seu controle. Aos seus olhos, ele é preguiçoso, impetuoso, com pavio curto, e assim por diante.
Em vez de calmamente discutir esses problemas com [seu esposo], para ajudá-lo a melhorar, você com frequência se flagra expondo-os e exigindo que sejam reparados.
Quando dá voz as suas críticas desse modo, não apenas o efeito resultante é irrisório, como também acaba tendo de lidar com o efeito rebote: [seu esposo] se vinga, apontando seus defeitos (com a mesma prontidão que você teve para criticá-lo). E eis uma típica situação que acaba em briga.
Com a graça de Deus, você começou a transformar essas derrotas em vitórias (e tenho certeza de que sabe que as maiores vitórias são derrotas revertidas). Você está aprendendo uma lição importante sobre a vida e, em particular, sobre a vida conjugal: devemos começar por nós mesmos. (Ah, se os revolucionários e terroristas percebessem e isso!).
O interessante é que, ao começar a modificação por nós mesmos, não é raro encontrarmos soluções inusitadas para os problemas. Descobrimos que nossas ações impensadas estavam provocando as reações negativas que deplorávamos no outro. E nos damos conta de que nossas virtudes recém-conquistadas se tornam mais fácil o aprimoramento das pessoas que nos cercam.
O grande exemplo nesse sentido é Santa Mônica.
Ela tinha um marido grosseiro e irascível, mas, em vez de lidar com esse problema e fazendo críticas e censuras - o que teria apenas piorando a situação - , aprendeu a controlar seu próprio temperamento e a cultivar a paciência.
E isso gerou dois resultados.
Primeiro, ao contrário dos maridos das amigas de Santa Mônica, Patrícius nunca usou de violência com ela, o que tornava mais fácil para ela o esforço de tentar amá-lo como devia.
Segundo, seu exemplo de bondade por fim venceu Patrícius, a tal ponto que ela teve a felicidade de ver esse pagão ingressar na igreja pouco antes de morrer.
Ela desviou sua atenção dos defeitos do marido para os próprios E trabalhou para se santificar. Percebeu que era muito melhor se concentrar nas ervas daninhas de seu jardim antes de tentar sanar o do marido. Ela fez a mesma descoberta que pregadores e missionários sempre fazem: a santidade é mais efetiva do que a eloquência.
Como Santa Mônica, você tem muitos motivos para ter esperança e coragem. Saiba que sua avidez por aperfeiçoar seu amor por [seu esposo] é para mim uma fonte contínua de alegria.
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Maria Sempre!
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FONTE: HILDEBRAND, Alice von. Conselhos a uma recém-casada. Rio de Janeiro: Petra, 2016. Pg.131-133. *Com adaptações do editorial do blog.
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Sobre a obra: Este livro faz enfim chegar, aos leitores brasileiros, as palavras de Alice von Hildebrand, uma das vozes femininas mais importantes de nosso tempo. Aqui, a célebre teóloga, especialista nos temas do amor, do matrimônio e da feminilidade, nos apresenta uma série de cartas cujo objetivo é ajudar sua afilhada a superar os obstáculos que costumam se apresentar na vida a dois, desde os maiores até os que parecem mais insignificantes. Com uma linguagem simples, mas ao mesmo tempo profunda e bela, Conselhos a uma recém-casada é leitura obrigatória para aprendermos a crescer no amor quando a lua de mel acaba.
Petra Editora
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