quinta-feira, 12 de julho de 2018

PERDOAR AOS INIMIGOS


João Gualberto era homem como outros.  Trazia uma espada à cinta e costumava viver metido em brigas e desafios.  Tinha um irmão a quem amava com toda a sua alma.  Um dia, porém, um malvado matou o seu irmão. 

Gualberto conhecia muito bem o assassino, e daquele dia em diante procurava ocasião de varar-lhe o peito com sua espada.  Ele o havia jurado e assim o faria.

Era uma Sexta-feira Santa.  João Gualberto montou a cavalo e saiu a passear pelo campo...  

Foi andando, até que se meteu num caminho estreito entre penhascos muito altos.  Nesse momento vê que vem ao seu encontro um viandante. Fixa-o. Conhece-o.

E, veloz como um raio, salta do seu cavalo.  Era o assassino de seu irmão.  Ali o tinha diante de si; podia saciar seus desejos de vingança, e grita:

— Canalha!  Assassino!  Por Barrarás que agora mesmo morres em minhas mãos! 

E, desembainhando a espada, lança-se sobre o outro. Nesse momento, o assassino, que ia desarmado, prostra-se-lhe aos pés e, com voz angustiosa e com os braços em cruz, dirigi-lhe esta súplica:

   Irmão, hoje é Sexta-feira Santa; por amor de Cristo crucificado, perdoa-me!

Que se passou então no coração de Gualberto?

Conteve-se; ergueu os olhos ao céu ...  Olhou para a cruz gravada em sua espada...  Pensou em Jesus Cristo que do alto da cruz perdoara a seus crucificadores.

   Irmão — disse Gualberto ao assassino — por amor de Jesus Cristo eu te perdoo...

Despediram-se.  O assassino afastou-se arrependido e dando graças a Deus.  Gualberto entrou numa capela que encontrou no caminho.  Ajoelhou-se diante do Cristo que ali estava pregado na cruz.  Tirou a espada, suspendeu-a aos pés daquela Vítima divina e jurou aos pés da mesma, deixar tudo e enveredar pelo caminho da santidade.  E assim fez.  A Igreja comemora-o a 12 de julho.


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Maria Sempre!
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FONTE: ALVES, Pe. Francisco. C.SS.R., Tesouro de Exemplos. Ed. Vozes. Petrópolis, 1958. Pg. 118-119.
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Sobre a obra: O propósito deste livro é oferecer a todos que têm a obrigação de educar a infância e a juventude um variado repertório de fatos verídicos ou verossímeis que, contados, movam seus ouvintes a julgar somente do seu valor moral e, por conseguinte, os disponham, à luz desses exemplos, a praticar o bem e a evitar o mal.

Os fatos recolhidos nestas páginas são sucintamente narrados. As mães, os professores, os sacerdotes que deles quiserem se utilizar, contá-los a seu modo, e como melhor lhes parecer para impressionar seus ouvintes e fazer-lhes perceber a lição moral que deles se pode tirar.

Cabe à perícia dos educadores dar-lhes a alma, a vida, o colorido de forma a semeá-los psicologicamente no coração dos educandos.

Padre Francisco Alves

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